sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Cora Coralina de mim

             Hoje eu vi Cora Coralina a velha eterna menina de Goiás, ao som de serenata “minh’alma esperava por ti”, como um relicário; em um Doc lá estava ela “levaram o ouro, deixaram as pedras e entre elas eu renasci”.
            Me recordo como se fosse hoje, na época trabalhava no Correio Várzea Grandense, que até então era um semanário; o que nos dava  oportunidade de elaborar pautas com tempo de escrever folgadamente e com mais cuidado o tema a ser dissertado.
Na primeira semana de Março de 1985 havia eu comprado o livro de Cora para presentear minha sogra que adorava declamar seus poemas. Li o livro, fiquei fascinada. Ali decidi que esta seria minha pauta para o dia da Mulher. Me adentrei na pesquisa, quanto mais conhecia Cora me sentia incapaz de escrever fazendo jus a ela; tudo que escrevia pensava que estava aquém do que era merecido dizer de tamanha Mulher. Fui enrolando até que se passou o Dia da Mulher. Enfim na primeira semana de Abril de 1985 o texto ficou pronto. No dia 10 de Abril ele foi publicado. Coincidentemente no dia em que ela faleceu. Chorei de emoção pela perca e frustração porque tinha desejo que ela o lesse. Não sabia se ela se recordava de mim, mas eu a conheci quando criança, meu pai adorava os doces que ela fazia.
Todas as vezes que íamos a Goiás Velho, nós a visitávamos para o doce e uma mão de prosa. Hoje vendo o Doc me deu uma saudade danada de mim, a quanto tempo não escrevo, não me digo à alguém. Me repenso, a arte se diz por mim. Hoje penso entender o que Cora queria dizer “levaram o ouro” (sua juventude) deixaram as pedras” (a maturidade) e entre elas eu renasci “a arte”

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Vitória Basaia